terça-feira, 5 de abril de 2011

Tapa com luva de pelica. Deveria ser com luva de boxe.

Até agora, falamos do quanto pode cu$$tar em espécie para um pai o seu filho que ele deixou de ver por CINCO anos para forjar um sequestro internacional de crianças. Agora, vejam que, para quem ama verdadeiramente, não há valor no mundo que pague a SAUDADE.
Por favor, leia até o FIM e depois clique na segunda figura.



http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/correio-brasiliense/2011/02/28/ao-barack-com-carinho-artigo
Ao Barack, com carinho


Querido Barack:

Que bom que você vem visitar o Brasil no dia 19 de março. Veja só que coincidência. Onze dias depois, em 30 de março, dois cidadãos do seu país, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, terão que dar explicações por ter matado o meu marido e mais 153 pessoas, a maioria delas brasileiras, que estavam no Boeing do voo 1907 da Gol, em 29 de setembro de 2006. O meu marido Rolf era uma pessoa maravilhosa, ajudava a todos, além de ser um ótimo pai e um marido incrível. Pois é, ele deixou uma filha órfã de pai. Você também tem filhas, não é mesmo?


A minha tem oito anos agora. Na época em que o pai dela morreu, ela tinha apenas quatro. Até hoje ela guarda lembranças do pai. A mais marcante talvez seja o chinelo dele, que está até hoje na porta. Ela não deixa que ninguém os tire dali. Aqui em casa não podemos mais comer bolinho de carne, pois o Rolf e a minha filha faziam isso juntos. Você também cozinha com as suas filhas, quando tem um tempinho, Barack?


Eu ainda me lembro como ele dizia para eu ter calma, lembro-me bem dele entrando em casa quando retornava de viagem e me lembro do sorriso estampado em seu rosto quando ele brincava com a nossa filha. Fico com o coração apertado quando lembro que tudo que tenho agora é só isso: lembranças. Você também diz para sua mulher ter calma, Barack?


Meu marido voltava de uma viagem de trabalho no avião da Gol quando o jato Legacy colidiu com o Boeing, fazendo 154 vítimas. Aquele foi o pior dia da minha vida. Depois disso, comecei a minha busca incansável por justiça. A Gol chegou a me oferecer a quantia de US$5 milhões de indenização. Cinco milhões pela vida do Rolf? Cinco milhões de dólares pela vida do meu marido? Não. Eu não quero o dinheiro, não há quantia no mundo que possa pagar a vida do meu esposo.


Nossa filhinha, em uma redação feita na escola com o tema “saudade”, escreveu que sente saudade do papai, que ele trazia muitos presentes pra ela da China e que éramos uma família feliz. Suas filhas sentem saudade de você quando viaja? Pelo menos, você voltou pra casa todas as vezes. Já o Rolf não teve a mesma sorte.


Barack, coloque-se no meu lugar. Você não iria querer que suas filhas crescessem perguntando por que as pessoas que provocaram a morte do pai não estão na cadeia, não é mesmo? Sempre ensinei para a minha filha que querer a morte de alguém é errado, mas como vou dizer pra ela que os pilotos do avião que bateu no Boeing onde o papai dela estava ainda estão pilotando aviões e impunes? Só queria a minha dignidade e minha honra de volta. Quero a minha pequena crescendo em um mundo em que as pessoas que provocaram a morte do pai dela estejam pagando por isso.


Além da nossa filha, o Rolf me deixou, deixou amigos, clientes, fornecedores e funcionários, que são mais de três mil. Nossa empresa ficou desfalcada, com todos mandando cartas manifestando suas condolências. Agora tenho uma única luz no fim do túnel. Finalmente, a audiência com os pilotos foi marcada. Eles estarão no consulado brasileiro nos EUA e nós, aqui em Brasília. Será que finalmente essa minha angústia vai acabar e eu poderei colocar a minha cabeça no travesseiro todas as noites e dormir em paz, sabendo que a justiça foi feita? Eu espero que sim, Barack.Espero mesmo.


Seja bem-vindo ao Brasil, Barack. Aproveite a alegria do meu povo e se divirta. Mas não se esqueça da minha história e do lamentável episódio que envolve os filhos do seu país. Eu ainda me recordo do seu discurso na posse. Você falou a respeito dos direitos humanos, defendendo a liberdade e a igualdade. Espero que esse discurso seja mantido. E lembre-se, Barack, que eu e mais 153 famílias contamos muito com seu apoio.



ROSANE GUTJHAR Diretora da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907



Foi no meio da selva amazônica, que Rolf Gutjhar e mais 153 pessoas perderam a vida, graças a irresponsabilidade de dois pilotos americanos que foram devidamente protegidos pela mesma Embaixada que exigiu a deportação de um menor de idade com Cidadania Brasileira.



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