domingo, 27 de maio de 2012

Caso Sean: Entrevista causa indignação até na imprensa Brasileira

Em abril de 2012, veio a noticia de que Sean Bianchi fora entrevistado pela mesma NBC, aquela rede de televisão estadunidense que cobriu com exclusividade (*) a patriotada estadunidense do retorno do menino aos EUA.
Na entrevista, vê-se não um guri que diz estar feliz, alegre, contentíssimo da vida de estar longe dos avós, da irmã mais nova, do padrasto; viu-se um menino de olhos tristes, não por estar falando sobre "os negros tempos em que esteve longe do pai biológico e junto com pessoas amorosas, que depois de insistirem tanto para o contato do pai com o filho resolveram tocar a vida pra frente", mas sim, por estar, de alguma forma, contrariando a si mesmo.
Essa entrevista de 15 ou mais minutos - estratégia de marketing para tentar vender mais alguns exemplares da obra de ficção escrita por um ghost writer dizendo-se ser David Goldman - indignou até a imprensa Brasileira. Vide abaixo o texto escrito para a revista ÉPOCA pelo jornalista Bruno Astuto:

A patética entrevista de Sean

O primeiro erro da entrevista do menino Sean Goldman à rede de TV americana NBC foi a entrevista em si. Afinal, a maior crítica de seu pai, David, refere-se à suposta exposição midiática do caso no Brasil por parte da avó, a brasileira Silvana Bianchi, quando o menino foi entregue ao consulado americano, dois anos atrás, após a decisão do STF de restituir a guarda ao pai.

David esqueceu-se que foi graças à exposição midiática nos Estados Unidos e às horas de gravações e vídeos vazados ou produzidos pela emissora que ele ganhou a atenção do governo americano e de todo o mundo para seu caso, que, claro, virou livro e que, claro também, segue numa turnê promocional nos Estados Unidos.

Na entrevista, Sean dá declarações bastante maduras para sua idade (11 anos), do tipo “A vida tem desafios”, mas a postura corporal não nega: ele continua acuado pelo drama que viveu e ainda vive. Braços cruzados diante da entrevistadora, surpresa com as cinco páginas de perguntas que ela carrega, o olhar um tanto triste, mas vidrado certamente, como se ele estivesse a repetir o mantra que lhe foi passado durante os últimos dois anos.

É flagrante, também, o quanto ele está feliz de viver com o pai. Que menino separado abruptamente da figura paterna não estaria, com esse reencontro? Mas existe algo em Sean, em sua voz e em seu olhar que deixa escapar que essa felicidade não é plena. Faltam-lhe pedaços, a avó materna, a irmãzinha e as referências dos seis anos que passou no Brasil.

Sean sabe que o preço de sua felicidade de voltar a viver com o pai é o sofrimento da avó. Assim como deveria ter pressentido, durante a estada brasileira, que a alegria de estar com a avó e com a irmã era o desespero do pai. Ele não convenceu ninguém, nem a si mesmo, quando contou à entrevistadora que não sabia que o pai tentava reaver sua guarda. Um garoto de nove anos, idade em que ele foi levado para os Estados Unidos, ouve conversas em casa e na escola, ainda mais num caso tão público quanto foi o dele.

David impõe condições para que a avó veja o neto. Quer que ela seja acompanhada dos psicólogos e retire as ações que move contra ele — notadamente, o recurso que ainda será julgado pelo STF. Silvana diz que o ex-genro pede R$ 200 mil de indenização pelos custos que ele teve com advogados durante todos esses anos.

O maior gesto de grandeza desse pai, que tem, sim, todo o direito de viver com o filho nos Estados Unidos, seria deixar a avó ver o neto quando desejasse. E da avó, topar ver o neto sob as condições que ele impuser — fora a pecuniária, é claro.

Queria conhecer o psicólogo de Sean, pois ele deve ter fortes razões que escapam ao meu entendimento para permitir que o garoto de 11 anos dê uma entrevista em rede nacional contando seu drama. Se pode falar ao circo do grande público e a uma entrevistadora dramática, que aperta os olhinhos e carrega na voz cada vez que faz uma pergunta arrebatadora, por que Sean não pode falar com a avó?

Ele deve ter medo de mostrar ao pai que a ama, e mostrar a ela o quanto está bem ao lado do pai. A grande preocupação de David, segundo ele disse à TV americana, é que o filho desenvolva traumas ou síndromes de abandono e separação.

Para isso, o remédio não é simples, mas é: Sean precisa saber que amar uma pessoa não exclui amar outras. Que sentir falta da mãe, mesmo que ela o tenha levado do convívio do pai, não implica em amar menos ou ferir David. Que gostar da avó não significa trair o amor do pai e vice-versa.

Essa guerra sem fim tem apenas uma vítima: um garoto de 11 anos dividido entre seus amores primários desde a mais tenra infância. Falta a ambos lados a generosidade de deixar de ter razão por um bem maior, a paz daquele a quem se ama.

E ao pai de Sean, que voou de volta ao Estados Unidos com o filho a bordo de um avião de um canal de TV americano, faltam coerência e bom senso, coisas às quais o menino Sean ainda não foi apresentado, desde que a mãe o trouxe para o Brasil.

http://colunas.revistaepoca.globo.com/brunoastuto/2012/04/29/a-patetica-entrevista-de-sean/

Até para o colunista ficou claro que as palavras que Sean proferiu não pertencem a ele e sim a uma boca maldosa, ferina, com mais de 12 anos de idade (que, por mais que passe o tempo e tenha uma namorada com dois filhos adolescentes morando na casa dele não consegue acalmar o coração e parar de ser vingativo e mesquinho); boca essa que, temo, tenha agido da mesma forma que um criminoso age quando quer coagir a sua vítima infantil para não ser denunciado e continuar a molestá-la (nem sempre necessariamente sexualmente, antes que a claque de 3 ou 4 que continuam seguindo o bio-pai comece a teclar suas inutilidades neste blog).

O colunista também enxergou a contradição entre o olhar desolado do menino e as palavras adultas dele, como a luta dentro do coração de Sean em não arreliar o pai, ao amar e sentir saudades de seus parentes Brasileiros. Seria por isso que Sean, que adora o padrasto, o chamou nesse desastre televisivo, de "aquele cara"? E de onde ele veio com a estranha história de que ele tinha medo de perguntar sobre o pai, se meses antes de ter sido despachado como um pacote de volta para os EUA, ele havia reclamado em documento oficial, que tinha perdido uma viagem no final de semana para esperar pela visita do pai - que estava no sábado em São Paulo, enfiado no escritório do advogado, cercado pela mesma rede de televisão para a qual Sean deu essa entrevista - ao lado do advogado Sergio Tostes?

É de um absurdo tal o que esse tal "pai" faz com o filho adolescente. Tão absurdo que enraivece quem de longe vê, como nós, e deve encolerizar totalmente aos atores centrais de tanta injustiça.



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